Faça Lá um Poema

Concurso promovido pelo Plano Nacional de Leitura e os CTT - Correios de Portugal,  com a intenção de incentivar o gosto pela leitura e pela escrita de poesia, assinalando o Dia Mundial da Poesia.

Poemas apresentados pelos alunos do ensino secundário de entre os quais se selecionaram 3 para representar o Agrupamento na 12.ª edição 2021.

 

Canção do meu país

Sinto a Terra a mexer os círculos e os ciclos dos campos silvestres

A flecha leva a mão frágil e as sombras dos ecos agrestes

Com a tenacidade de um ruído e a gentileza de um poema instruído, eu sigo as peças que me levam ao ínfimo

Onde a verdade é rara e crua e onde volto ao moribundo núcleo do meu íntimo

 

Miro penas e asas; um doce abrigo de esperança

Onde nos recônditos de uma alma perdida me situo na vertente da mudança

Vejo firmeza e linho antigo

No abismo, na terna nobreza, na iminência do perigo

 

E no exílio, eu caminho em direção a um destino traiçoeiro, mas atraente

Tenho uma epifania de suores e de risos belos, mas enjoados, repletos de exaustão insolente

Testo as águas das minhas lágrimas no oceano e tal como a inveja, sou pintada de verde

E, com um piano, finalmente toco a canção do meu país, sem uma fronteira delicada ou uma ruidosa parede

                                                                                                                                   Juno - 11ºC

 

Sempre tive medo de me apaixonar

Sempre tive medo de me apaixonar,

não me queria magoar.

Até que te conheci,

e na brincadeira me envolvi.

Aquela sensação, era tão boa, que me deixei ir...

Esquecendo do que me prometi,

E simplesmente me tornei no meu medo, nunca pensei que amar alguém faria tal coisa em mim.

Deixar de ser quem fui para te tentar agradar,

talvez foi aí que errei.

Hoje em dia o amor que dizias sentir tornou se em dor,

a maus tratos e a desprezos

O nosso amor pouco durou

O nosso amor não era assim.…Não era para ser assim.                            

                                       Dente-de-Leão  - 12.ºB

 

O tempo em que havia tempo

O tempo em que havia tempo,

Essa impalpável lembrança,  

De que a vida não é só alento,

Morreu com aquela criança.

 

Arrasto as cinzas de quem era

E o que queria ser.

Essa inconsciência efémera

De que a vida foi feita para entender.

 

A nostalgia do passado é o desejo

Do homem em não ser quem se tornou.

Se podia haver pior desfecho?

Podia, podia ainda contentar-se com o que ficou.

                                             M&M - 12º H1

Poetando...

Poesia significa inspirar.

É criar, sentir e inovar.

É querer ser tudo

E não poder ser nada.

Poesia é mudar.

Mudar o sentido do mundo

E acrescentar mais um bocadinho.

É querer ser mais

E ser sempre menos.

É querer alcançar o incansável

E sem crer, já o ter alcançado.

A poesia tem mesmo destas coisas...

E eu faço parte dela!

                  Girassol - 12ºB

 

A arte de poetar

A poesia…
É inovação, paixão, dedicação.
É sentir intensamente cada verso.

A poesia…
É termos a capacidade de mudar o mundo
E descobrirmos sensações novas.

A poesia…
É viajar, conhecer e aprender.
É sonhar.

A poesia…
A poesia é tudo,
Basta permitirmos que ela habite em nós.

                Catharina Andresen - 12ºB

 

 

 

 

 

 

Só quem nunca Amou…

Só quem nunca amou nunca perdeu,

porque só quem ama corre risco de perder.

Os outros correm apenas o risco de continuar perdidos.

Prometo manter-me vivo

depois de uma derrota…

mesmo que me torne emotivo…

mesmo que até perca a rota.

Prometo seguir…

seguir para uma nova viagem.

E acredita! Eu vou conseguir!

Nem que para isso tenha de mudar de linguagem!

Porque a vida continua

e a perda é apenas um motivo de coragem.

Por isso, prometo perder!

                  Uma pequena apaixonada  -12ºB

 

 

 

O oceano que existe em mim

Eu tenho liberdade em ti

No teu mais íntimo e profundo ser

Contigo recordo o que é viver

Viver um novo amanhecer

Para te ter novamente

Sinto a imensidão na tua presença

E a escuridão na tua ausência

Sentir-te intensamente faz-me viver

Neste oceano que reside o meu ser.   

                                                          Marquesita - 12º B

 

 

 

 

 

 

 

Os pensamentos que há em mim

 A noite chegou,

Mais um dia se passou

Sinto as estrelas distantes

E o medo cada vez mais perto

O passado é metade de mim

E a outra metade está para chegar

Metade de mim é lembrança do que fui

A outra metade eu ainda não sei…

 

                   Ema Carneiro  - 12º B

 

 

 

 

 

 

 

Sermão da incompletude

Numa singularidade vivencial, jovial,

O nada plural, ideal, angelical.

Nesta real pronúncia passageira,

Veridicamente apenas, a incompletude paira!

Todo o começo um fim tem, relembro!

E, quem ignora o simples adquirido,

Impossivelmente a paz alegre alcança!

Cometendo assim, o erro crasso do desejo platónico!

Lembrando o conselho de Padre António Vieira,

Humanos sejamos, pois, “quem quer mais do que lhe convém

Perde o que quer, e o que tem”!

                         Miguel Pulga – 12ºB

 

 

 

VIVE

Vive intensamente

Aproveita o presente

Sem dúvidas ou arrependimentos

Vive intensamente

Procura o melhor de ti

E desfruta de cada segundo

Vive intensamente

Cria a tua própria realidade

E existe sem destino algum

Vive intensamente

Vive exageradamente

Vive simplesmente                              

                    Malu – 12º B

 

 

 

 

 

Incompletude

Folha que cai

Mantendo-se pendurada´

água que lá vai

como uma água parada

Casa abandonada  onde habita o pó

Estrada cheia onde viajo só

A incompletude em que reside,

A procura da completude,

Angústia, desespero, desdém …

e nada mais,

Quanto mais me aproximo do infinito,

mais longe ele está

E assim sempre o será

                 Constantino Aldo – 12ºB

 

 

 

 

Alma Marítima

Aqui nesta praia
Aqui onde há somente
Ondas desenrolando calmamente
Não existem vestígios de dor

Sinto a areia quente
Onde brilha o sol transparente
E cerco-me dessa energia
Que o azul do mar me traz

E hoje eu caminhei
Caminhei a praia inteira
Com os pés na areia
Coração em alto mar

             Ariana do Mar – 12ºB

 

 

 

 

 

 

Tenho em mim a criança

Tenho em mim a criança

A criança que se esquece

A criança que se desvanece

Que sendo é o ser sem ser…

Na minha mesa entardeço

Na minha mesa arrefeço

Na mesa vivo sem nada ter.

Vejo na aurora a esperança

Vejo na aurora aquela criança

Sinto no fim o eterno querer

Nas minhas mãos, só tenho o Perder…

                 Anthony M. Scofield – 12ºA

 

 

 

 

 

Soneto das ilusões

Tarde em que o tempo vem triste e gelado,

Tarde de vento quieto sem o ser…

Aquela alma perdeu o seu amado

E eu muito fantasio sem saber.

As árvores são quietas e agitadas.

As flores não são belas nem são feias.

Não serão conclusões precipitadas

Tudo o que creio serem as ideias?

Voam pelos ares sem liberdade

Algumas pombas brancas amestradas,

E nem por isso sonham de saudade…

Ou serei eu cego, podendo ver?

As ilusões parecem ser coroadas

De tudo aquilo que a mente quer ter.

               António de Barros - 12º H1

 

 

Esperanças conformadas

O dia está gelado e assustador.

Um cerrado nevoeiro tudo envolve

Com o seu manto de indefinida cor

E parece que a esperança se dissolve

Por umas sombras feitas de pavor.

 

Sinto a mente gelada e assustada

E os pensamentos são coisa prostrada

Ante a desilusão que vai e volve.

Mas ao longe é a esperança avistada…

 

Na vida haverá sempre dissabores,

Por vezes haverá névoa a pairar

E dias gelados e assustadores.

 

Mas sempre o sol lançará seus calores

E o frio principiará a acabar.

       José de Castro - 12º H1

Poesia Livre

Concurso literário promovido pela Câmara Municipal de Santo Tirso, com o objetivo de fomentar o gosto pela poesia, no âmbito da iniciativa Poesia Livre.

 

 2020  - Temática «Poesia Livre… Vozes da Lusofonia»

Foram vencedores na modalidade de Ensino Secundário dois alunos da ESDAH. Entrega de prémios na Biblioteca.

 

 

 

   

Poemas vencedores

1º Prémio

Ode à Lusofonia

Oh língua minha,

Língua de amarguras e glórias e conquistas.

Língua da lusa saudade que caminhas

A par com outras tantas.

E, no entanto, és tu a filha mais amada

Daquela que na Antiga Roma era falada.

 

A partir da Lusitânia, mãe d’alto império

E terra de reis d’aquém e d’além mar,

Espalharam teus dizeres, teus mistérios,

Tua grandeza de faustosa eloquência,

Mas também as simples palavras da decência.

 

Palpitaste nos portugueses corações

De varões nas letras espantosos

E hoje ouvimos todos o canto

Que nos ensinou Pessoa, Torga, Garrett, Eça,

Mas também o poeta da ditosa epopeia

E tantos outros enredados na tua teia.

 

Foste dilatada pelo mundo inteiro

Por aqueles que ousaram desafiar o medo

E a humana condição de bicho da terra tão pequeno.

Como um vírus benigno de poesia,

Presente estás pelos quatro cantos do mundo,

Dando ao rude planeta um pouco de magia.

Oh Lusofonia, Deus ungiu-te com bem e mal,

És aquilo que sobejou do império de Portugal.

 

Hoje ouço-te, por isso, falada e diferenciada de este a oeste,

Aquilo que outras tentaram dizer, tu disseste!

E dizes na heroicidade e no ignoto humano,

E dizes nas lusas almas mundo afora,

E dizes naquele teu filho esquecido

E dizes em cada um que cumpra o teu pedido.

 

E dizes em mim

Que digo que jamais se adie a Hora

E se cumpra o dever para contigo, Agora!

                                fontesbarroso - 11º ano

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2º Prémio

A minha pátria é a poesia

A minha pátria é a poesia

E a poesia… são

Versos de Ondjaki,

A escrita de Luandino,

As invenções de Mia Couto,

A genialidade de Pessoa

E de todos os que vivem

E respiram a Língua Portuguesa.

 

Apesar de tudo, vivo presa numa gaiola

Que eu mesma criei,

Na qual tinha que agradar a todos,

Mas não agradei

 

Sonhava com um mundo livre,

Onde a arte é expressão!

Esqueci-me...

É que no mundo em que vivo

Tudo dá repreensão!

 

Nem os versos das minhas rimas

São livres de fluir,

São forçados a rimar

E no choro, obrigados a sorrir!

 

Este mundo, para mim, não faz sentido!

 

Se eu não quero pontuação

S'eu não quero nenha ortografia direita nenha forma da rima sou livre de o fazer

 

Pois a prisão, a repressão

E a criatividade...

Vêm de lugares diferentes...

 

Deixem a mente para as ciências

E a Arte para o Coração!

 

A poesia não conhece o ponto de interrogação

Apenas é reivindicativa com o de exclamação!

 

Vamos lutar pelo que acreditamos

Que se dane a linguagem

Erudita ou eloquente,

É necessária a mensagem

Da liberdade chegar a toda a gente!

 

Afinal, que mundo bonito

Seria se todos respeitassem

As liberdades de cada um!

 

Mas será que tudo isto

Faria de nós melhores artistas?...                                

 

Afinal, enganei-me.

 

A poesia é com pontos de interrogação,

É com a dúvida e a incerteza

Sobre os acontecimentos da vida...

 

Perdoem o meu erro...

E continuem no vosso dia a dia.

                            George Writter – 12º ano

   

 2019  -  «Poesia Livre… da Poesia da Natureza à Natureza da Poesia».

 

O poema da nossa aluna foi distinguido com o 2º prémio.

 

Chove lá fora…

Chove lá fora,

Vejo-as cair…

As gotas corroem

O que deveria florir;

Regam as flores,

Regam o jardim,

Mas de que vale tudo isso

Se até a natureza tem um fim?

 

Chove lá fora,

Olho pela janela…

A chuva descolora

O que a tornava mais bela;

A flor murcha em felicidade

Por roubarem o que era dela,

Pois até a relva mais verde

Se tornou amarela.

 

O sorriso que existia,

Já não existe agora…

A chuva leva tudo

Que mais se adora;

Chove lá fora,

Morro interiormente,

Porque a chuva são as lágrimas

De quem deveras sente.

                 Kiara Faria

 

Entrega de prémios na Câmara Municipal de Santo Tirso.

 

 

2018  -  «Poesia… no feminino»

 

O poema da nossa aluna foi distinguido com o 2º prémio.

 

Eu sou mulher!

 Não sei porque nasci mulher

Mas sei que hoje sou feliz

Por pertencer a um grupo lutador

Algo que sempre quis.

 

Sinto-me agradecida

E nunca saíra da minha memória

Toda a luta que já tivemos

Que hoje faz uma bela história.

 

Hoje sinto que sou alguém

Nesta pobre sociedade

Que nos roubou por muitos anos

A nossa maior arma: a liberdade!

 

Tu, mulher deste país,

Orgulha-te de coração

Pela luta constante de outras

Que te fizeram ser alguém na nação.

 

Suspiro um orgulho enorme

Por ser mulher portuguesa

Ou simplesmente por ser mulher

O tesouro mais precioso da Natureza!

                                     Flor – 12º ano

 

 

Entrega de prémios na Câmara Municipal de Santo Tirso.

 

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